POR GILVAN DANIEL RITTER
Segundo o próprio site - "O Grupo Defferrari, fundado em 1993, é um conjunto de empresas de serviços na área de informática, direcionadas ao atendimento na área de Tecnologia de Informação".
Na noite do dia 26/11/2010, alunos do Curso Técnico em Informática da SETREM juntamente com a coordenadora do curso, Maidi Teresinha Dalri tiveram a oportunidade de participar de uma palestra/conversa com o diretor comercial da empresa, o senhor Marco Defferrari. Nesta conversa expôs suas ideias e seus problemas em relação a falta de profissionais qualificados para atender a demanda da empresa, bem como o alto índice de evasão nos cursos de informática; através desta conversa foi possível refletir sobre vários pontos, tentando detectar qual erro as instituições de ensino de TI cometem na formação profissional dos estudantes. Participei desta excelente palestra e gostaria de postar aqui algumas reflexões que esta palestra proporcionou, bem como alguns temas abordados na mesma.
-Você trabalha com TI? então você só pode ser... programador. -Você está fazendo um curso de profissionalização em TI para... ser programador. Esse é um erro muito comum das instituições de ensino, pois na verdade, TI não é somente programação, mas sim lógica, por exemplo, o profissional que faz o levantamento de requisitos não precisa saber escrever uma linha de código, apenas deve ter a lógica de entender as ansias dos clientes e conseguir passar isso para o desenvolvimento da forma a perder menos detalhes e dados possíveis. Para isso o essêncial é lógica.
As instituições em geral focam muito do tempo total de seus cursos com programação, e ainda, na verdade, nem se trata de programação, pois se o profissional que trabalha com object pascal não tem o Delphi - "já era" - ele não sabe fazer um button por código, ele não sabe criar um evento "on click" e dar uma função a este, por mais simples que seja. Isso realmente ocorre, trata-se do domínio e dependência de uma ferramenta e não da real programação, e não da lógica básica, e não da linguagem uma vez que após o entendimento da linguagem, o profissional deve buscar a IDE por conta própria, essa é uma atitude que o profissional por sí deve tormar. A IDE de desenvolvimento é apenas um mero editor de códigos, que vai compilar e fazer funcionar, o menos importante no compreendimento da linguagem. Não desmerecendo as IDEs pois estas agilizam o trabalho em muitos aspectos, mas no aprendizado o importante é compreender em suma a lógica e a linguagem em si, em seu nível mais baixo, por mais difícil que possa ser, profissionais desqualificados na área de TI não faltam, isso pois não acontece esta seleção natural - de quem serve e de quem não serve pra área.
- Eu não quero programar desktop, justo por ter vergonha de não saber fazer um janela em object pascal, eu não aprendi isso, eu não aprendi object pascal, eu aprendi a programar dando clicks no Delphi, isso é errado, assim como é errado constar em meu currículo no final do curso técnico que sei programar desktop apenas por saber usar o Delphi ou Visual Studio para C#. A automatização das IDEs e de qualquer software é importante, mas é preciso saber o que realmente se passa por trás do buttons e dos "generate". - Nas aulas de desenvolvimento web, nós tivemos aula com um "cara" que eu considerava louco, pois ele nos ensinou de forma completa HTML e CSS... no notepad++, hoje eu agradeço, pois esta, sem dúvida é área que eu mais domino, posso realmente dizer que tenho domínio avançado, eu tenho entendimento do que se passa, sei identificar os erros; e a busca por IDEs para automatizar o desenvolvimento, como Eclipse, NetBeans e Dreamweaver foi atitute minha, assim como deve ser de qualquer estudante/profissional que pretende seguir na área. Mas voltando ao tema anterior, em TI programar não é tudo, nem mesmo a metade.
Os jovens hoje tem um enorme potêncial na área de TI, aprendem as ferramentas rápido, se adaptam, não tem problemas com atualização, são ageis, mas não necessáriamente precisam ser programadores, muitos ao se deparar com os primeiros algorítmos, já desistem, mas isso não interfere na qualidade tais possam ter na área de suporte, na área de hardware ou na área de design por exemplo, afinal por mais funcional e "mágico" que possa ser um button, o cliente simplismente não clica se ele não tiver um bom design, se ele não estiver padronizado, alinhado e bem posicionado na interface. Ao se deparar com códigos muitos pensam, - "bom TI não é minha área", porém TI não apenas código, -não somos um bando de loucos nerds que escrevemos binário o dia inteiro- somos editores de imagem, de vídeo, web designers, suporte, analistas de sistemas, gerentes de projetos, levantadores de requisitos, enfim a área é vasta, e há falta de profissionais devido também a esta forte ligação entre TI e programação que faz com que muitos desistam.
Outro ponto abordado foi a desistência a médio prazo da área, ou seja, o profissional acaba o curso e chega como estagiário com perspectivas que no próximo ano será o presidente da empresa, essa aspiração por altos salários - e posterior frustração, pois isso não acontece, retira também muitos profissionais da área, além de fazer com que grande quantidade saiam de suas pequenas regiões estagnadas devida a falta de estrutura e sobre tudo de investimento na área de TI, e se dirijam para grandes capitais, onde são melhor remunerados, além de ter mais oportunidades de crescimento profissional. A defasagem de profissionais de TI em uma região, faz com que ainda mais esta se estagne e assim tem de desvalorizar cada vez mais seus profissionais, continuando com o ciclo de regressão.
Os pontos são: como trazer o conhecimento aos estudantes sem desistência? Empacotar conhecimento de lógica juntamente com outra área mais específica? Sem passar pela programação? Como diminuir a defasagem de profissionais? De que forma apresentar a programação aos alunos?
Conversa com Marco Defferrari
segunda-feira, novembro 29, 2010