A internet revolucionou a forma do mundo fazer negócios e de nos comunicarmos. Diminui distâncias e contribui decisivamente para que a globalização se solidificasse. Esse cenário oportunizou o surgimento de novos negócios e atividades profissionais.
A área de TI, como é conhecida (Tecnologia da Informação), cresceu de forma astronômica com o acesso a negócios virtuais.
A distância física deixou de ser um limitador para produtividade ou entrega de serviços e um novo segmento mercadológico se solidificou.
Hoje todos os setores e segmentos são dependentes das tecnologias e das suas soluções. Nenhuma empresa vive sem um sistema, seja ele de gestão ou de controles empresarias e, praticamente todas as pessoas fazem uso diário dos recursos de comunicação pela internet, sejam sites, e-mails, twitter, youtube, ou qualquer outro.
É uma área onde as mudanças e os avanços acontecem a uma velocidade nunca antes vista. Exige, assim qualificação profissional constante, readequação dos processos das empresas e soluções customizadas que possam acompanhar os seus avanços.
Dentro da Tecnologia da Informação uma das áreas que mais cresce são os serviços e, esse novo modelo de negócio está apenas engatinhando.
Olhando para a história passamos por épocas onde tínhamos os computadores de grande porte, conhecidos por alguns como mainframes ou mini-computadores e, que apenas grandes corporações tinham o privilégio de possuir. O avanço disso foi o surgimento dos PC Personal Computers, e a sua disseminação junto a empresas e usuários domésticos, num período onde também se solidificaram as redes de computadores. Na sequencia vivemos a era dos notebooks e, hoje estamos iniciando a era do cloud computing, ou computação nas nuvens, chamada por outros de a era dos dispositivos inteligentes ou smart devices. O que muda no cerne desses processos é a forma como as informações e os recursos tecnológicos chegam até o usuário final.
No período dos mainframes as informações estavam centralizadas em um grande computador e terminais acessavam a este computador, no entanto eles não estavam interligados e não se conseguia acesso a eles se você não estivesse na estrutura de rede específica a qual o mesmo estava conectado. A era das redes (Pc´s) interligava os computadores pessoais e permitia o compartilhamento das informações entre eles, também se limitando ao acesso a essa rede específica, os notebooks ampliaram um pouco a mobilidade para que eu pudesse sair de uma rede e chegar em outra. Na evolução disso passamos por um modelo cliente/servidor, no qual se passou a ter um servidor (que mantém serviços) e vários clientes. Ainda nessa concepção dentro de uma rede específica ou restrita. O conceito de cloud computing (computação nas nuvens) amplia consideravelmente todos as possibilidades anteriores. Com a existência de uma rede de redes (Internet) foi possível ampliar o conceito cliente servidor, sendo possível hoje eu acessar qualquer serviço ou recurso pela internet, independente de qual rede ele esteja e, sem nem mesmo eu saber onde essa informação ou serviço está rodando.
Nasce uma nova era tecnológica a era onde as pessoas irão consumir as soluções da internet como serviços através de dispositivos inteligentes que necessitarão apenas acessar a internet e buscar onde estiver o serviço ou recurso que precisarem usar. Traçando uma analogia podemos comparar com a evolução na forma de disponibilização de um outro bem que consumimos hoje: á agua. Antigamente para obter água as pessoas precisavam saber onde era a sua fonte, e ir busca-lá, ou fazer um poço e se servir dela (cliente/servidor de uma rede específica), hoje apenas abrem a torneira e a água está ali, se paga pelo que consome e não se sabe de onde ela vem especificamente e que tratamentos ela recebe. A ideia é que os recursos tecnológicos evoluam para isso. Eu terei uma torneira (meu dispositivo (smart device (tablets, celulares, netbooks)) e acessarei a rede de água (servidores nas nuvens (grandes servidores de dados)), usando o que preciso, fechando a minha torneira e pagando por esse consumo. Esse novo momento tecnológico é conhecido pelos profissionais da área como SaaS (Software as a Service), ou Software como Serviço.
Como citado esse é um mercado que está engatinhando e que não tem volta. Ele trás consigo possibilidades nunca antes imaginadas em termos de negócios e de trocas e vai mudar radicalmente a forma como as pessoas usam os recursos de tecnologia da informação.
Essa realidade solidifica a possibilidade de grandes negócios e empresas novas se desenvolverem em regiões que não estão apenas nos grandes centros ou seja em pequenas cidades como as nossas. Pois a prestação de serviços para esse mundo pode ser realizada em qualquer lugar que tenha infra-estrutura tecnológica necessária.
Na região noroeste, nos últimos anos, novos empreendimentos na área de tecnologia e novas ações no sentido de qualificar profissionais estão aos poucos possibilitando o desenho de uma nova matriz produtiva, que, no entanto necessita de apoio do poder público e da população para solidificar o seu desenvolvimento.
Trabalhar na área de TI, especialmente em softwares e serviços, apresenta inúmeras vantagens, dentre elas: o uso de tecnologia limpa, a possibilidade de entrega dos produtos e serviços em qualquer lugar do mundo sem a necessidade de deslocamento e, a possibilidade de captação de recursos de qualquer lugar do mundo para a região, uma vez que não se tem limitação física de venda ou entrega.
O munícipio de Três de Maio, em especial cresceu muito na oferta de serviços e qualificação profissional na área de Tecnologia da Informação, sendo possível citarmos diversos cases:
- Grupo Abase: empresa que atua em diversos estados e atende ao segmento público (prefeituras) e privado com soluções customizadas, tendo mais de 20 anos de história e próximo de 100 colaboradores diretos.
- Migrate Company: Empresa que atua no segmento corporativo e de fábrica de softwares, tem no país mais de 5.000 clientes e em 7 anos já conta com mais de 60 colaboradores.
- Felten Informática: Atua no setor contábil
- Clickernet: Empresa incubada junto a SETREM com desenvolvimento de sites dinâmicos
- Inofly: Empresa nova, com menos de 1 ano de atividade e que nasceu com o objetivo de focar suas atividades para o mundo da Internet e da Mobilidade.
- WNL e Lua Net: atua no segmente de internet
Dentre outras pequenas empresas que estão iniciando as suas atividades.
Em termos de qualificação para essa área, a SETREM mantém semestralmente mais de 500 estudantes nos cursos focados a Tecnologia de Informação (Técnico em Informática, Tecnologia em Redes de Computadores e Bacharelado em Sistemas de Informação). Além de manter o Programa de Inclusão Digital, que anualmente insere mais de mil pessoas na área de informática. O Curso Técnico em Informática tem uma metodologia de trabalho diferenciada, orientado a projetos, que desenvolve soluções de forma semelhante a realidade das empresas e que já possibilitou, em função disso o reconhecimento em Feiras Internacionais e o Prêmio Inovação em Educação promovido pelo SINEPE no ano de 2010.
A divulgação desses dados e desse novo cenário mercadológico é importante para que possamos buscar apoio do poder público municipal, regional e estadual no sentido de incentivar as empresas que já existem a ampliarem a sua área de atuação e a permanecerem aqui, na nossa terra, nas nossas raízes, bem como incentivar o surgimento de novas empresas.
Muitos pólos de tecnologias de outros países nasceram assim, em pequenas cidades, comunidades. Se ampliaram e fizeram as regiões se destacaram em função do apoio e do incentivo recebido.
As empresas não só de Três de Maio, mas também da região (Ricohpel, Tecnicom, San Internet, Infraset, Compunew, Hipernet, dentre outras) estão atendendo a clientes de todo o país e em alguns casos grandes clientes. Entretanto não visualizam propostas de investimento local para seu desenvolvimento e crescimento.
O deslocamento dessas empresas para outras cidades ou polos, já terá um efeito significativo na região, pois a totalidade dos profissionais envolvidos é expressiva e representa valores financeiros significativos, uma vez que a remuneração desses profissionais foge um pouco da média salarial da região, em função da necessidade de qualificação desses profissionais. Em efeito cascata muitos estudantes não terão posteriormente onde trabalhar e com certeza também se deslocarão da região.
Por outro lado, um olhar mais criterioso para essa área, possibilitará o desenvolvimento da mesma, o crescimento de um setor que não tem geração de resíduos, que possibilita uma boa remuneração aos seus profissionais e que, pode inclusive contribuir para melhorarmos a qualidade dos processos educativos na região. Além disso, outras empresas de regiões como Novo Hamburgo estão de olho nessa região em função da capacidade de formação técnica que a SETREM oferece. O que ainda inviabiliza é a inexistência de políticas específicas para o setor de TI e a precária infra-estrutura de internet disponibilizada pelas operadoras que atendem a região.
A estrada que possibilita a entrega dos softwares ou serviços dessas empresas é a internet e, a sua infra-estrutura regional além de ser precária é muito cara. O valor do link de acesso dedicado na região é impraticável e, a região não recebe investimento por parte das operadores a um bom tempo, a última ação realizada foi realizada ainda antes da virada do século. Além disso, empresas e usuários que precisam de um sinal de ADSL não o conseguem, ao passo de se ter em Três de Maio situações hilariantes como empresas iniciantes com foco em internet que não conseguiram junto as operadores um acesso de ADSL para iniciar os contatos com seus clientes e, enfim as suas atividades.
Esse texto tem como objetivo iniciar uma discussão sobre esse assunto e levar o mesmo ao conhecimento de mais pessoas. Temos empresas daqui atuando em nível nacional e obtendo reconhecimento pelo seu trabalho. Temos profissionais qualificados na região que estão fazendo a diferença em qualquer local onde buscam a seu espaço profissional. Temos necessidade latente de novos serviços tecnológicos. Temos espaço para crescimento. O que falta? infra-estrutura e apoio. O que podemos perder se não olharmos para isso? Empresas, profissionais e oportunidades de desenvolvimento regional? O que podemos ganhar se conseguirmos solidificar essa área e trazer para a região novas oportunidades? Um novo cenário econômico, desenvolvimento e crescimento econômico, cultural e tecnológico.
Portanto, a área de TI pode trazer muitas outras possibilidades além das aqui citadas e o olhar para esse segmento pode representar em médio prazo um diferencial interessante para a região. O que queremos estar fazendo e como queremos ser vistos daqui a 50 anos. O que nos falta para isso?? Como nos sentiríamos como região se pudéssemos constituir por aqui um Centro de Tecnologia, donde novas ideias, produtos e serviços pudessem sair??.
Muitas tecnologias que estarão disponíveis ainda não foram inventadas ou pensadas, outras ainda são novidades para muitos de nós, sejamos usuários ou profissionais da área de TI, como por exemplo: QRcode, Realidade Aumentada, Holografia, dentre outros.
O que a região conseguiu mostrar é que tem pessoas e instituições capazes de acompanhar esse processo e de fazer a diferença em termos de país, mesmo estando em uma cidade pequenina.
O que precisamos é, como já dito maior investimento e mobilização regional, para continuarmos evoluindo e contribuindo para que a região se desenvolva através de uma área que não gera resíduos, possibilita qualidade de vida e ambientes de trabalho diferenciados aos profissionais e incentiva a criatividade das pessoas. É ou não é de se pensar e se discutir esse tema???
Com certeza, o olhar para essa área com mais carinho, o mobilizar as partes envolvidas, o poder público, as empresas e os profissionais, visualizando as possibilidades concretas de desenvolvimento da região pode contribuir para que a médio prazo tenhamos aqui ideia inovadores que possam se transformar em novos serviços tecnológicos e mudar o perfil econômico da região.
Tecnologia da Informação – Uma nova oportunidade de negócios para o desenvolvimento da região noroeste do RS
terça-feira, junho 14, 2011